Textos sobre gagueira > Estudo desmistifica crença de que ansiedade é a causa da gagueira infantil | |
Uma pesquisa da Universidade de Canterbury, Nova Zelândia, está desafiando a antiga noção de que a gagueira em crianças estaria ligada à ansiedade. Bianca Phaal, mestranda do Departamento de Distúrbios da Comunicação da Universidade, acabou de concluir um estudo que investigou os níveis de ansiedade em um grupo de crianças de 3 e 4 anos de idade que estavam na fase inicial de manifestação do distúrbio, comparando-as com um grupo controle formado por crianças sem gagueira. Ela examinou o nível de ansiedade das crianças por meio da coleta de amostras de saliva de cada uma delas para a medição da concentração de uma substância chamada cortisol. O cortisol, também conhecido como hormônio do estresse, é uma substância liberada durante períodos de ansiedade elevada. Ele pode ser medido na saliva embebida em um fio dental adsorvente. Bianca também conduziu testes para medir o grau de temor das crianças diante de situações de comunicação e levantou dados com os pais, pedindo a eles para classificar os níveis de ansiedade de sua criança em diferentes situações. Trabalhando em conjunto com o bioquímico Dr. John Lewis, Bianca não encontrou qualquer indício de níveis mais altos de ansiedade em crianças que gaguejam quando comparadas a crianças de fala normal. Não houve qualquer diferença significativa entre as crianças que gaguejam e aquelas que não gaguejam, seja quanto aos níveis de ansiedade, seja quanto ao grau de temor da criança diante de situações de comunicação, nem houve também qualquer relação entre a severidade da gagueira e a ansiedade, disse Bianca. Os resultados deste estudo sugerem que a ansiedade generalizada e o temor diante de situações de comunicação não estão associados com a gagueira infantil; portanto, é improvável que a ansiedade seja uma causa fundamental da gagueira, afirmou Bianca. Contudo, caso a gagueira infantil persista, as experiências negativas em situações de fala podem levar ao desenvolvimento do temor em se comunicar e, talvez, ansiedade generalizada. Desse modo, a intervenção precoce na gagueira pode ser crucial para prevenir este desenvolvimento. O professor Mike Robb, do Departamento de Distúrbios da Comunicação, disse que a descoberta feita pelo estudo foi importante para ajudar a entender melhor esta condição que afeta cerca de 1% da população da Nova Zelândia e de todo o mundo. Há um longo histórico de pesquisas sobre gagueira e sua relação com a ansiedade, com alguns teóricos acreditando que a ansiedade seja a ‘causa’ da gagueira e outros defendendo que a ansiedade é um mero ‘resultado’ da gagueira. Em todos os casos, as pessoas acreditam que a ansiedade é um aspecto central na gagueira, comentou Prof. Robb. Neste caso, aceitar a invalidação de uma das hipóteses tem importantes implicações clínicas e teóricas relacionadas à etiologia da gagueira. Até onde sei, este estudo é o primeiro de seu gênero a examinar quantitativamente o papel da ansiedade em crianças que estão na fase de desenvolvimento deste importante distúrbio de comunicação. Bianca também demonstrou com seu estudo como a bioquímica pode ter um papel nas pesquisas relacionadas às desordens de comunicação, disse o Prof. Robb.
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