Genética > Genética da gagueira

Sandra Merlo
Fonoaudióloga
Instituto Brasileiro de Fluência - IBF

 

Há muitos anos, sabe-se que a gagueira não ocorre aleatoriamente na população, mas tende a se concentrar em determinadas famílias. Aproximadamente metade das pessoas que gaguejam têm pais, irmãos, filhos, tios, primos, avós e/ou netos com gagueira.

O que é transmitido geneticamente é a tendência para gaguejar, mas não a gagueira em si. É imprescindível deixar claro que o fato de apresentar herança genética para a gagueira não implica, necessariamente, manifestá-la. A manifestação da gagueira sempre dependerá da interação com o ambiente.

A maior parte dos estudos genéticos indicam a possibilidade de a gagueira ser transmitida por herança poligênica ao invés de gene único, o que quer dizer que haveria alguns poucos genes responsáveis pela gagueira e não apenas um só.

A genética influencia de modo marcante na tipologia da gagueira. Ou seja, se a gagueira de um membro da família é caracterizada por bloqueios, provavelmente os outros membros também apresentarão bloqueios. Ao passo que, em uma outra família, a gagueira pode ser mais caracterizada por repetições de sílabas e bloqueios. E assim por diante.

Por outro lado, a genética não parece influenciar de modo marcante na transmissão da gravidade da gagueira. Ou seja, não é porque um membro da família apresenta uma gagueira grave que um outro membro também irá apresentar. Desta forma, a gravidade da gagueira é mais influenciada por outros fatores (linguísticos, emocionais e/ou sociais).

 

Referência bibliográfica:

FELSENFELD, Susan. (1997). Epidemiology and genetics of stuttering. In: Curlee, Richard F. & Siegel, Gerald M. (eds). Nature and Treatment of Stuttering: New Directions. 2nd ed. Boston: Allyn and Bacon. p. 3-23.

 

   
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