Releases > Diretora Científica do IBF vai para o V Congresso Mundial de Distúrbios da Fluência | |
20/08/2006 - O V Congresso Mundial de Distúrbios da Fluência, que foi realizado de 25 a 28 de julho de 2006 em Dublin (Irlanda). A seguir, um breve relato: - O Programa Lidcombe é um novo programa de tratamento fonoaudiológico para gagueira infantil. A apresentação enfatizou o papel dos reforços na tratamento. - Per A. Alm apresentou um novo modelo teórico das causas gagueira, baseado em evidências neurofisiológicas. Neste novo modelo, a gagueira é entendida como resultado de um mal-funcionamento dos núcleos da base (especificamente do estriado), apresentando semelhanças com outros distúrbios de movimento, como a Doença de Parkinson e a distonia ocupacional. - Luc De Nil fez uma grande revisão sobre gagueira neurogênica, apresentando novos dados de suas pesquisas recentes. Por exemplo, sugeriu que a prevalência de gagueira neurogênica entre pacientes que sofreram AVC (acidente vascular cerebral) é de 1%. - Tony DiLollo argumentou sobre a utilidade do paradigma construtivista em gagueira. Grosso modo, o paradigma construtivista consistiria na valorização da narrativa pessoal da pessoa que gagueja frente a seu distúrbio e suas conseqüências (por exemplo, como a pessoa enuncia sua queixa, as metáforas e comparações que faz, etc). Entretanto, o pesquisador frisou várias vezes que não desconsidera o paradigma positivista (grosso modo, o uso de técnicas de fala) e que acredita que os melhores resultados podem ser obtidos pela combinação dos dois paradigmas. Ele também apresentou um desenho emocionante de um de seus pacientes, chamado A million things Id like to say (Um milhão de coisas que eu gostaria de falar). - O fórum Gagueira: Deficiência ou Não? propiciou muitas discussões em torno deste polêmico assunto. Os debatedores foram: Mark Irwin (ISA), Anita Blom (ELSA) e Michael Sugarman (ISA/IFA). Os três argumentaram a favor da concepção de gagueira como deficiência. Segundo Michael Sugarman, a gagueira já é reconhecida como deficiência nos EUA. - A apresentação de Gerald Maguire sobre estratégias farmacológicas (pagoclone) no tratamento da gagueira também foi bastante aguardada. Basicamente Gerald Maguire falou sobre os mesmos aspectos que constam no release da indústria farmacêutica Indevus. Segundo o próprio Gerald Maguire, os avanços farmacológicos devem auxiliar parcialmente no tratamento da gagueira, sendo que os melhores resultados seriam obtidos pela combinação entre tratamento farmacológico (medicamentoso) e tratamento fonoaudiológico. - A palestra de Michael Sugarman Changing the world for people who stutter (Mudando o mundo para as pessoas que gaguejam) foi também muito emocionante. Ele falou sobre os passos da pessoa que gagueja desde o reconhecimento de que há algo de errado em sua fala até a manutenção da fluência no pós-tratamento. Terminou com um vídeo mostrando todos os folders das campanhas relacionadas ao Dia Internacional de Atenção à Gagueira: o folder brasileiro de 2005 também foi relacionado. - John Van Borsel falou sobre gagueira e bilingüismo. Na Europa, este é um tópico bastante pertinente, porque, como os europeus podem transitar livremente pelo continente, é relativamente comum que uma criança tenha pais de nacionalidades diferentes, o que faz com que ela adquira duas línguas maternas ao mesmo tempo. Desta forma, iniciou-se uma discussão sobre formas adequadas de se conduzir o tratamento fonoaudiológico para crianças bilíngües. - Também foi muito interessante o debatePreparing clinicians to treat stuttering effectively (Preparando os fonoaudiólogos para tratar a gagueira efetivamente). Três grandes especialistas de países diferentes foram os apresentadores: Frances Cook (Inglaterra), Luc de Nil (Canadá) e Nan Bernstein Ratner (EUA). O debate foi coordenado por Robert Kroll (EUA). Os pesquisadores relataram que, em seus países, existem poucos fonoaudiólogos que se interessam por gagueira, existem poucos especialistas em gagueira e há poucas horas de aula na graduação (4-40 horas em todo o curso). A maior parte dos fonoaudiólogos clínicos que responderam às pesquisas feitas pelos três palestrantes, disseram não terem confiança ou não se sentirem à vontade para atender pessoas que gaguejam e terem pouca experiência no tratamento da gagueira. Ficou a mensagem de que os países como EUA, Canadá e Inglaterra podem ser muito avançados nas pesquisas sobre gagueira, mas nem sempre os achados científicos chegam até os fonoaudiólogos clínicos. Atenciosamente, |
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