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Roberto Tadeu da Silva (bibliotecário) e Sandra Merlo (fonoaudióloga)
Como realizar buscas bibliográficas eficientes e encontrar o material desejado? O crescente aumento das pesquisas sobre fluência e seus distúrbios (principalmente gagueira) faz com que os profissionais tenham que estar em constante atualização. Para isso, é fundamental saber como fazer pesquisas bibliográficas. Basicamente, existem três requisitos fundamentais: - Utilizar terminologias controladas, ou seja, utilizar vocabulário técnico-científico reconhecido pelas bases de dados; Vamos agora, passo a passo, explorar cada um dos itens acima. 1) Utilização do vocabulário técnico-científico Em primeiro lugar, é necessário definir o assunto de pesquisa. A não ser que exista pouca literatura na área, o assunto não pode ser extremamente genérico. Por exemplo, não é possível definir o assunto de pesquisa apenas como gagueira, gagueira infantil ou gagueira em adultos, porque a quantidade de resultados estará na casa dos milhares de documentos. É necessário eleger assuntos mais específicos. Existem diversos graus de especificidade, por exemplo: gagueira < causas da gagueira < causas neurofisiológicas da gagueira. Definido o assunto de pesquisa, é necessário definir o vocabulário técnico-científico a ser empregado. É imprescindível utilizar vocábulos científicos e não do senso-comum. Também existem variações do vocabulário técnico-científico de acordo com a área de especialidade. Por exemplo, em Ciências da Saúde, geralmente usa-se o termo disfluência, ao passo que, na Lingüística, geralmente utiliza-se o termo hesitação. Desta forma, é necessário estar atento a essas diferenças. Em Ciências da Saúde, recomenda-se o uso do Descritores em Ciências da Saúde - DeCS e do Medical Subject Heading - MeSH. Em Lingüística, recomenda-se o uso do vocabulário controlado Linguistic and Language Behavior da Modern Language Association (MLA). A seguir, sugerimos livros que compilam vocabulário técnico-científico de interesse para a área de fluência e seus distúrbios: ANDRADE, Claudia Regina Furquim de. Fonoaudiologia preventiva: teoria e vocabulário técnico-científico. São Paulo: Lovise, 1996. NICOLOSI, Lucille; HARRYMAN, Elizabeth; KRESHECK, Janet. Vocabulário dos distúrbios da comunicação: fala, linguagem e audição. 3ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. RICHARDS, Jack; PLATT, John; WEBER, Heidi. Longman dictionary of applied linguistics. Essex: Longman, 1985. Língua inglesa A maior parte dos artigos sobre fluência e seus distúrbios estão escritos em inglês. Portanto, para estar atualizado com as pesquisas científicas é imprescindível saber ler em inglês. É possível fazer pesquisas bibliográficas em outras línguas (português, espanhol, francês, etc.), mas o universo de artigos disponíveis é bastante reduzido quando comparado ao inglês. Existem diversas formas de se aprender a ler em inglês. A mais habitual é freqüentar os cursos privados tradicionais de língua inglesa; nestes cursos, aprende-se a falar, ler e escrever. Uma outra possibilidade é fazer um curso de inglês instrumental, que enfoca apenas a leitura; estes cursos geralmente são oferecidos pelos cursos de graduação em Letras das universidades. 2) Estruturação da busca A utilização dos operadores booleanos também é fundamental para se fazer uma pesquisa eficiente. Operadores booleanos são operadores lógicos, que relacionam palavras ou grupos de palavras no processo de elaboração da pesquisa. Os principais são: AND - serve para refinar o resultado da pesquisa OR - serve para ampliar o resultado da pesquisa NOT - serve para excluir um assunto da expressão de busca Além dos operadores booleanos, as pesquisas também podem ser estruturadas através da seleção de campos de busca específicos. Os campos mais comuns são: título, autor, revista, resumo, data. Por exemplo: ao escrever stuttering AND treatment AND adulthood e selecionar o campo título, serão listados apenas os documentos que contêm todas essas três palavras no título. Outro exemplo: ao escrever Charles AND van Riper e selecionar o campo autor, serão listados todos os documentos de autoria de Charles van Riper que estão catalogados na base de dados. 3) Bases de dados científicas Bases de dados são coletâneas de documentos, com acesso eletrônico. O conceito de documento é amplo e inclui artigos, livros, teses, capítulos de livros, anais de congressos, publicações governamentais, folhetos. As bases de dados possuem critérios de seleção e inclusão de documentos; desta forma, não é qualquer texto que pode fazer parte de uma base de dados científica. Além disso, as bases de dados classificam-se em referenciais (quando apresentam apenas a referência dos documentos, ou seja, autor, título, editora, ano de publicação e resumo) e de texto completo (quando disponibilizam o documento na íntegra). Em relação à fluência e seus distúrbios, bases de dados de diferentes áreas do conhecimento são úteis: Lingüística, Psicologia, Medicina. Pelo menos até o momento, não existem bases de dados específicas da Fonoaudiologia. Desta forma, para fazer uma pesquisa eficiente, é fundamental conhecer as características das bases de dados da área de conhecimento. Algumas bases de dados em Ciências da Saúde são:
Algumas bases de dados em Lingüística são:
Como fazer as pesquisas nas bases de dados? Cada base apresenta suas peculiaridades. Por isso, listamos os passos principais a seguir das bases Lilacs, Medline e Google Acadêmico. LILACS Na interface BVS - Biblioteca Virtual em Saúde
MEDLINE Na interface PUBMED
GOOGLE ACADÊMICO O Google Acadêmico também é uma forma de pesquisar literatura acadêmica; entretanto, é necessário ressaltar que o algoritmo de pesquisa ainda está em fase de testes. Abrange diversos tipos de documentos: artigos revisados por pares, teses, livros, resumos e artigos de editoras acadêmicas, organizações profissionais, bibliotecas de pré-publicações, universidades e outras entidades acadêmicas. O Google Acadêmico classifica os resultados de pesquisa segundo sua relevância. Para tal, diversos fatores são levados em consideração: texto integral, autor, fonte de publicação, freqüência com que o texto foi citado em outras publicações acadêmicas, entre outros. Muitas vezes o Google Acadêmico permite acesso ao documento na íntegra. Como obter o texto completo? Depois de especificar o assunto e pesquisá-lo nas bases de dados, você estará com uma lista de referências selecionados. É hora de obter os textos completos, o que pode ser feito de forma online ou impressa. Online - Por meio de Biblioteca Eletrônica, como a SciELO, que disponibiliza textos na íntegra de revistas que estejam em sua base multidisciplinar de 164 títulos; Impresso - Busca em catálogos online de universidades. Por exemplo, Dedalus da USP, Acervus da UNICAMP e Athena da UNESP ou ainda pelo Unibibliweb, o qual permite o acesso simultâneo ao catálogo das três universidades públicas estaduais de São Paulo. |
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